setembro 17, 2016
Indicada ao Prêmio Shell 2016, nas categorias Iluminação, Figurino e Música; ao Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) 2016 - na categoria Dramaturgia; e ao Prêmio Aplauso Brasil - categorias Iluminação, Direção, Figurino e Espetáculo de Grupo, Cabras estreou em janeiro deste ano no Centro Cultural São Paulo, onde realizou temporada de dois meses.
O espetáculo tem como tema central a Guerra. Porém, a guerra que encontramos na nova criação da Cia Teatro Balagan não é o confronto direto em campo de batalha. Não é a guerra dizimatória. É aquela que pressupõe a relação com o Outro – o inimigo –, que é sonhada, esperada, narrada, fazendo-se presente em outras dimensões da experiência humana, nas manifestações sagradas, nas festividades, como atos de resistência e criação.
O Cangaço, os movimentos de resistência ao Estado, as guerras não oficiais, intituladas como revolta, ou banditismo, e que sempre foram fortemente reprimidas (e findaram em geral com a decapitação e exposição das cabeças de seus líderes) foram o ponto de partida para a investigação das matérias cênicas. O percurso da pesquisa se delineou em torno da tríade Guerra-Festa-Fé, três aspectos intrínsecos de uma ação de resistência e luta, cujos desdobramentos suscitaram uma diversidade de temas que tecem o território do espetáculo: o inimigo, a vingança, os conflitos parentais, o nomadismo, a cerca, o ethos guerreiro, o valor da palavra, entre outros, abordados sob diversas perspectivas.
Do cangaceiro e do samurai, da mitologia hindu e da indígena, da cabra de João Cabral e da cabra de Dionísio, do pandeiro e da rabeca, da dança dos caboclinhos e dos cantos das Caixeiras do Divino, dos estudos biomecânicos e dos arquétipos animais do Kempô compuseram-se os corpos que narram, bem como as crônicas narrativas que integram o espetáculo.
Cabras é narrado, cantado, tocado e dançado por um bando. Bando de cabras, bando de dez atores - vinte pegadas de alpercatas - que migram constantemente, transitando entre diversas perspectivas e vozes narrativas. O coro se sobrepõe à noção de protagonista e nenhuma personagem se consolida, senão como lugar de passagem e perspectiva a ser habitada temporariamente. Assim, cada ator transita por lugares tão diversos quanto são as acepções dadas à própria palavra: cabra é o animal, é gente, é homem, é mulher, é bandido, é polícia, é herói, é diabo – origem de expressões (e mitos) populares como "cabra macho", "cabra safado", "cabra marcado", "cabra da peste", a “cabra cabriola”, “a puta cabra”.
O Processo de pesquisa
A pesquisa e a construção do espetáculo foram realizadas no decorrer de dois anos e meio e viabilizadas fundamentalmente pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo - e investigação e criação –que contemplou as etapas de pesquisa e conclusão da obra em suas 22ª e 26ª edições - e pelo Proac 08/2014. Esses editais possibilitaram o compartilhamento com o público durante o processo de pesquisa e criação, por meio de encontros com teóricos, pesquisadores e artistas, exibição de filmes, além da realização de oficinas, de uma viagem de campo à região fronteiriça dos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás e a elaboração de quatro versões experimentais do espetáculo, apresentadas no período de maio a novembro de 2015.
O espetáculo fica e cartaz no Espaço dos Fofos de 23 de setembro a 17 de outubro de 2016, sextas, sábados e segundas às 21h e domingos às 19h.
SINOPSE
Nas 20 crônicas independentes de CABRAS – cabeças que voam, cabeças que rolam, a GUERRA é o tema central. A vingança, o ethos guerreiro, o inimigo, os conflitos parentais, o nomadismo são narrados ou cantados por vozes humanas, de animais e, ainda, vozes de seres (a natureza, objetos), que revelam suas perspectivas, delimitam o território e a aventura de estar fora dele.
duração: 110 minutos
recomendação etária: 12 anos
capacidade: 66 lugares
ingressos: R$ 20,00 | 10,00
bilheteria: 1 hora antes do espetáculo
meia entrada: estudantes, professores da rede pública, maiores de 60 anos e classe teatral
FICHA TÉCNICA
direção: Maria Thaís
elenco: André Moreira, Deborah Penafiel, Flávia Teixeira, Gisele Petty, Gustavo Xella, Jhonny Muñoz, Maurício Schneider, Natacha Dias, Val Ribeiro e Wellington Campos
texto: Luís Alberto de Abreu
dramaturgia: Luís Alberto de Abreu e Maria Thaís
cenografia e figurino: Márcio Medina
direção musical Dr Morris
preparação musical (Rabecas) Alício Amaral
iluminação Aline Santini
assistente de direção Murilo De Paula
fotografia: Bob Souza e Juliana Borghi
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